quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Teoria das três partes

Olá, leitor. Hoje deve ter sido uma das tardes mais quentes até agora, aqui em Porto Alegre. Percebi, entretanto, que o calor traz algumas coisas muito lindas, como a floração dos hibiscos e de algumas outras flores, que fazem com que eu me sinta na primavera.

Só que este blog não é sobre flores, e sim sobre como está meu ano sem comprar roupas, acessórios e sapatos novos. Vai bem. Não me sinto tentada. E, além do mais, estou confirmando a "Teoria das três partes". Ela funciona assim:

No seu armário, você tem:
1/3 de roupas que você adora e repete sempre, só mudam essas favoritas conforme a estação;
1/3 que você usa às vezes..... gosta mais ou menos;
E 1/3 QUE VOCÊ NUNCA USA;

Vamos nos focar neste 1/3 ignorado. Essa parcela pode ter ido parar no seu guarda-roupa de várias maneiras: como presente, um dia você comprou e se arrependeu.... ou pior, comprou, gostou, foi colocar e se odiou. Naquele dia em especial. Só, que, a partir daí, nunca mais usou.

Pois bem, no meu caso, eu estou reatando laços com esse 1/3 marginalizado das minhas roupas. E, querem saber: tem muita coisa boa ali. Muita coisa que voltou a estar mais "na moda"*, muita coisa que agora serve e/ou fica melhor, muitas peças que combinadas com outras, seja das favoritas, das mais ou menos ou até mesmo, das marginalizadas também, que criam ótimos trajes. Gente.... estou falando sério! Tem diversão no seu armário... é mais barato, mais sustentável e, com certeza, mais prático do que ir ao shopping. Experimente.

* coloquei na moda com asterisco porque acho o conceito "moda" bem relativo. Nunca levo a sério quem diz: "está se usando" ou "tal cor ou tal peça vai estar com tudo nesse inverno...". Ah.... me poupem....

Voltando, então, ao 1/3: há uma estatística que diz que 1/3 da comida que compramos vai fora. Aham. Pro lixo, por diversos motivos: deixamos estragar, não comemos a tempo, desistimos de comer e jogamos fora.... entre outros. Num próximo post, porém, falarei de uma experiência interessante que tenho feito a respeito. Agora, reforço: pense no 1/3 de roupas abandonadas querendo a sua atenção. Ali, no seu quarto!

Pesquisa!!!

Oi, gente. Estou realizando uma pesquisa para um artigo meu do mestrado. É só clicar aqui. Quando eu peço nome, pode até mesmo ser um apelido, só para fins de organização.

Por favor, sejam sinceros, não vou julgar ninguém!!!

Beijos

p.s. sem comprar roupas, claro! Tudo certo! Tudo firme!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Pequeno post, grande exemplo

Bom, essa entrevista me deixou feliz. Feliz por haver no mundo um exemplo positivo de como lidar com a questão do lixo. Japão, em termos de descarte de lixo, quero ser como você quando eu crescer. Clique aqui pra ler ou pra assistir, é jogo rápido.

O ano sem roupas segue firme e forte. Dia 22 o desafio completou 5 meses!

Esse fim de semana fui fazer trilha nos cânions. Me dei conta de que é melhor usar calças compridas e camisetas bem fechadas, pra proteger do sol e dos mosquitos. Tenho uma daquele estilo.... dry fit. Em todo o caso, um pouquinho de criatividade e boa vontade dão conta de transformar qualquer roupa em peça pra qualquer ocasião.

O tênis é branco. Lava-se. Nada de comprar tênis escuro pra caminhar, oras. Nada de roupa nova. Agora que sei o que levar, é só adaptar.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pequenos e grandes acontecimentos

Antes de mais nada: não comprei nada proibido.

Vou começar esse post pelos pequenos acontecimentos: fiz um super no sábado. Foi sustentável. Descobri um café que vem do Paraná. A ricota era da serra gaúcha. O atum vem de SC. Etc e etc, tentando sempre economizar combustível. Como esqueci minhas sacolas de pano em casa, coloquei no carrinho uma bonitinha, de R$ 3,99 que o Zaffari vende. Quase chegando no caixa, me dei conta de que essa sacola de pano poderia ser considerada um acessório. Nem pensei muito mais: voltou pra prateleira. E agora, me divirto economizando sacolas plásticas e enlouquecendo os empacotadores de super. Frases como: "não, coloca aqui".... "vamos usar essa mesma".... "não precisa de mais uma" e "coloca o jornal aqui com as frutas" deixa as pessoas confusas e me divertem. Aconselho!

Grandes acontecimentos: pois é.... a chuva está pondo abaixo a serra do Rio de Janeiro. Comoção nacional. A imprensa adora tragédias. E.... se.... não for uma tragédia? Ok, da nossa perspectiva, foi horrível, muitas mortes, gente do bem morrendo e sofrendo. Eu - e imagino que você também, leitor - se pudéssemos, jamais deixaríamos esse tipo de coisa acontecer. Só que aí, na quinta-feira à tade, peguei um chuvão de verão em Porto Alegre. Conclusões:

- se chovesse naquela intensidade por mais uma hora, eu quase não chegaria em casa de volta no mesmo dia
- se chovesse naquela intensidade por um dia inteiro, no outro dia a cidade estaria de feriado forçado
- se chovesse naquela intensidade por alguns dias..... bom, aí pode-se imaginar o que ocorreria

Certo? Compreendem? Que somos muita gente no mundo? Que impermeabilizamos demais o solo? Que construímos por cima de mangues e de baixadas, os ralos naturais da chuva? Que todo mundo diz que se o nível da água subir, Porto Alegre já era? Bom.... não sou bióloga, agrônoma ou de áreas afins. Só sei que o mundo segue sendo ele mesmo... os penetras somos nós, ao que parece.

Calma aí! Não me xinga! Não me chama de insensível. Eu pouco sei sobre as questões da Serra do Rio. Eu não estou culpando as pessoas que vivem lá. Minha visão é geral e mais ampla. Minha visão é a de que tem muita coisa construída de qualquer jeito por todo o país. E a de que, de um modo geral, a gente não se preocupa, a gente só quer mais ruas pra chegar mais rápido e mais altura no morro pra ter uma vista mais bonita. E parece que a natureza pode vir a acertar contas.

Calma de novo! Sabe.... estou relendo o Tempo e o Vento. Sim, é ficção, mas muito baseado em fatos reais. Nossas estradas serranas tem o quê? 100 anos? Foram abertas por especialistas em terreno, solo, geografia e climatologia ou por pobres imigrantes querendo apenas um bom lugar pra viver e plantar? Hum? E o que foi feito? Um novo estudo? Não! Foram simplesmente (mal) asfaltadas por cima do que os pobres colonos abriram há um século.

Então.... não estou acusando os brasileiros, penso global: estou usando o exemplo pra dizer que a falta de planejamento, o excesso populacional e o descaso com o ambiente pode levar a tragédias. Se eu acho que no Rio foi isso? Não sei, não sei mesmo, não quero entrar em detalhes. Pode também ser isso com uma boa dose de azar mesmo. Somos humanos. Tentamos nos proteger. Mas longe de nós dominar todos os conhecimentos. E longe de nós dominar a natureza. Nessas tentativas de dominá-la, a gente tem é feito muita besteira.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Um ano, zero lixo!

Oi, gente. Então, hoje é dia 14 de janeiro. Quase cinco meses sem comprar e/ou ganhar roupas, sapatos e acessórios novos.

Claro, precisei respirar fundo quando vi as sacolas de pano com pinturas da Frieda Kahlo como estampa, num café charmosérrimo, em Floripa. Meus primos me tentaram.... primeiro o argumento era de que aquela sacola não era como um acessório mesmo.... depois, um deles queria comprá-la para me dar depois de agosto. Não deixei, resisti.... oras! A ideia é não adquirir.
Tenho reduzido, também, o quanto posso, o consumo de carne vermelha. Passo, às vezes, dias sem consumi-la. E ando preocupada com o lixo que se produz.... estou até com umas ideias revolucionárias pra quando acabar meu ano sem roupa, veremos.

Esse post, porém, vai tratar de uma família que se dispôs a não produzir nenhum lixo em 2010 e o total que eles produziram foi uma sacola plástica (essa notícia, claro, descoberta pelo meu primo Antônio, que publicou o link num comentário anterior). Vale a pena ler, clique aqui. Há, ainda, vídeos e reportagens mais extensas pra quem tiver tempo. Estou bem impressionada. Vale a pena.

Fico feliz de saber que tem gente se esforçando pelo mundo! Mesmo que isso signifique abrir mão da nossa herança de bisnetos da revolução industrial, numa forte quebra de paradigmas.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Post especial - e tem mais gente vivendo com menos

Vi no face do meu amigo Diego Araújo, cliquei e adorei: tem mais gente vivendo com menos. Não, não é a pobreza que se alastra. É gente informada, que trabalha, que vive bem suas vidas e que - claro - conseguiu lançar um olhar pra fora do piloto automático social.

Olhem que bacana. O post tá pequeno, pois quero que leiam isso aqui: http://busk.com/news/viver-com-menos

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

As dúvidas que surgem

Passei bem pelas festas. Não precisei convencer ninguém a gastar menos. Não ganhei roupas nem presentes "contra a ideia", apenas da minha mãe, que me deu um conjunto de lingerie que veio em boa hora. Pesei tudo na balança: aceitar numa boa, deixar ela feliz ou insistir na questão? Optei por não criar caso. E, nos outros dias, neguei passeios em lojas com ela. Pronto. Resolvido.

Essas feriazinhas das festas foram um momento de descanso e reflexão pra mim. Estive na casa dos meus pais, no Natal. Na casa do meu irmão. Na rua com amigos, festinhas, cervejas, passeios. Trilhas.

Na virada no ano, estive na praia da Pinheira, bem ao lado da Guarda do Embaú. Amigos. Namorado. Cozinhando, churrascos, interação. Conversas.... até a tão esquecida televisão deu as caras. Observei, em todos os lugares:
- o que as pessoas pensam sobre sustentabilidade, ecologia, reciclagem, etc...
- se separam o lixo
- se ao menos sabem pra que serve a separação
- em que pontos as pessoas conseguem conectar sustentabilidade ao seu cotidiano

Bom, está todo mundo ligado em lixo, em embalagens e em poluição. Ao que me parece, porém, as pessoas só ligam o tema a detritos, dejetos, resíduos. Pouca gente se deu conta da equação de que consumir menos = produzir menos resíduos = estressar menos o meio ambiente.

Isso já será uma outra etapa. Complexa, já que nosso sistema social e financeiro é muito voltado ao consumo. A dúvida, do título desse post, é, então, a seguinte: será que conseguiremos dar esse passo? E consumir menos?

Vamos lá: sustentabilidade tem um quê de divisão, de repartir, de fraternidade. Calma, não falo aqui de comunismo. Nem tenho bases teóricas suficientes pra ir tão fundo, mas até onde eu sei, esse era um sistema imposto. Não que a população quisesse dividir. Ela tinha que. E essa é a questão da sustentabilidade: eu quero consumir menos pra não usar tanto do meio ambiente. Eu quero deixar mais para os meus filhos e para os filhos do outros.
E o respeito vai até: o outro humano, o cavalo, a vaca, o coelho, os insetos... até os seres nojentos, mas que são os recicladores, como moscas, fungos, urubus e por aí vai.

E como inserir esse pensamento tão "nós" numa sociedade voltada para o "eu"? Eu compro. Eu quero. Eu sou.

Andei prestando atenção em comerciais e em anúncios. "Você merece, você curte, curta a vida, aproveite.... blá blá blá." É.... caminho complicado.

Já diz a música da banda The Presidents of Usa: Everybody wants to be naked and famous... e nesse mundo em que todo mundo quer ser a estrela mais brilhante.... como pensar no nós?